Tuesday, 18 May 2010

Tua calma

Toco tua alma pura com os dedos da inocencia. Fecho meus olhos e te vejo andando em teu mundo com a leveza de quem acabou de chegar e se encanta sereno e mudo com tudo.

Agora entendo teus silencios. A calma com que segurava o pao no cafe da manha. Teu jeito manso de sentar no jardim para esperar as flores crescerem. Entendo teus sonhos ousados, outros pequenos. Entendo tuas tardes monotonas cheias de silencio e preguica, a nesga de sol perfurando a janela, enquanto preguicoso me deixava alisar teu corpo.

Entendo tua vontade em me ver ir embora. Entendo tua dor de cabeca ao me ver partir. Teu transtorno ao me ver gritar, cega e perdida por ti. Nao, assim desse jeito, tu nao voltarias. Talvez tivesses te aconchegado em meu colo se ao inves de gritar, eu tivesse te sussurrado baixinho, se tivesse entendido o que as tardes de silencio significaram pra mim e pra ti.

O tempo passou agora. Duas primaveras. E na segunda vez que vi as flores se abrirem ao sol, eu entendi o significado da calma. Eu entendi tua clareza.

Ah, mas eu? Sempre tive minhas sedes, minhas loucuras, meus devaneios, os meus anseios! A liberdade que me vinha cheia de cores, sons, aromas, me deixava zonza. Segui correndo atras dos arco-iris, atras de qualquer som que eu ouvia. E quanto mais eu corria, mais cansada e mais machucada eu me via. Nao podia tocar os fogos de artificio nem levar nenhum arco-iris pra casa, e nessa ilusao de cartonista fui tentando pintar meu camarim.

Mas la longe, o palhaco cansado, no esboco um sorriso esmagado. A vida exige calma, a pressa e o avesso de tudo. E eu que fui sempre tao impulsiva, tambem nao soube esperar.

Em minhas andancas eu me expandi e entre o crescimento e a luta, eu encontrei a calma. E mais serena eu prossegui. Nos meus proprios silencios compreendi os teus. Na minha tranquilidade eu entendi a tua. E pude assim compreender teu jeito tao contente, tua falta de sede, tua serena mirada diante a vida.

A historia dos dias foi seguindo seu ritmo e mesmo com todas minhas tentativas eu nunca encontrei o caminho de volta pra casa. Nao guardo magoas; minhas perdas sao minhas e de mais ninguem. Nao guardo remorsos; sempre dei tudo o que eu tinha. O que guardo e o amor. Um amor que a medida que o tempo passa, ele se eleva, e a medida que esse amor se eleva, maior e minha compreensao de que esse amor nao me pertence, apenas flutua livre em minha alma. Como a energia cosmica da transmutacao. Eu te reconheco pelo espelho do tempo e vejo tua essencia se expandindo em luz. Na luz do tempo que eu precisei para enfim te enchergar assim, completo e nu.

Te olho entre as distancias de nos dois, e sorrio com a serenidade de quem descobriu um segredo, era tao simples o que me pedias, e eu em meio ao furacao, eu nao te ouvia. Nao faz mal entao, se agora ja e tarde para te oferecer o que antes eu nao possuia, o que vale e o que um dia dividimos.

E assim eu te solto livre como um balao no ceu. E assim eu me solto, da culpa em nao ter sabido te amar. Ja nao te espero chegar e ja nao me antecipo a travar mapas que me levem de volta a ti. Deixemos livre entao o eco do que fomos. E sempre bom amar assim.

Ana Frantz

Monday, 17 May 2010

Calma

Foi o furacao que veio desafiando minhas muralhas me deixando assim meio zonza, carente de qualquer coisa. Seus ventos assoviaram em meu ouvido o grito mais louco e desesperado, e eu, ja cega, repetia tudo, mesmo sem querer o que eu pedia. Depois dessa poeira toda, folhas voando sem rumo, num ceu esverdeado e carrancudo; eu me achava, embaixo dos entulhos.
E la com a cara em misto de paixao e susto, fui sacudindo a poeira, pedaco de pedra, dor e entulho, ate que ficasse em pe, apenas o que sobrou de mim.

E assim, cambaliante prossegui.

Fui olhando as flores que sabiam da primavera, mesmo quando o vento artico assoviava outra coisa. Fui olhando para o ceu, e as estrelas e a lua me distrairam quando na noite alta, era so eu, sozinha que as via. Fui lendo um poema, um mantra, uma meditacao que me reascendesse por dentro; a chama essencial.
Ate que enfim, retornei para o centro de mim, onde com muita calma fui andando de mansinho por entre as linhas do meu destino, esperando paciente o toque do milagre ou da novidade que vai chegar para colorir as paginas do amanha.
Ana Frantz

Friday, 14 May 2010


" Whatsoever happens in time is dreamlike, and unless you get unattached from it, not identified with it, you will never know what bliss is. " OSHO

Tuesday, 11 May 2010

Volupia


Rodopiei no caos.

Fiquei a margem de minhas aguas, vendo o vai e vem da mare, sem entender ao certo se as coisas idas, poderiam enfim, deixar-se prender pela bruma na areia.

Esperei o sol se por, ate cada raio incandescente ser absorvido pelo vasto horizonte das minhas esperancas mais profundas. Ter fe nem sempre e acreditar no improvavel.

Te liberto do meu entusiasmo infantil, dessa vontade louca em acreditar na vida, no sonho, e no tipo de amor que nao morre nunca. Te deixo livre de mim. Mas melhor que isso, eu me deixo livre de ti. E sozinha eu sei brilhar.

Solta na atmosfera que e so minha e livre dos teus julgamentos, eu sou a que flutua em meio a tempestade e goza na dor, nao tenho medo do que em mim pulsa, arde ou vicia. E se e do amor que temes, e nele que eu mergulho, se e da dor que foges, ela sempre respira em meus poros. Penetro em meus encantos, rastreio meus cantos, abro as janelas, e deixo que outros olhos me toquem, me vejam, me deixem encantar.

Naufrago nesse meu jeito adocicado em respirar o mundo e me apaixono a cada isntante por uma nova ideia, por um novo restaurante, uma musica, um amigo, uma frase ou um livro.

Me despeco das velhas vontades com o prazer do recomeco. Estou sempre renascendo. Nao se surpreenda. Me reergo do chao com a mesma voracidade em que cai; subitamente. A impulsao e sempre maior na queda, do que na inercia.

E assim eu sigo flutuante, delirante, apaixonante, voluvel pela vida.

Ana Frantz

Monday, 10 May 2010

Oracao

Que cada abandono nao me deixe sozinha,

que a dor nao me deixe sem cura,

e a solidao nao me torne amarga.

que eu possa ainda rever as imagens

presas na parede da memoria,

com a calma de quem reconhece a vida

que passa

quase sempre

apressada

Que minha juventude seja mais do que cores

amores

despedidas

e chegadas

Que eu seja bem mais

do que as coisas que conquistei

e apalpas com as maos frias e cansadas

que meus afetos sejam guardados

que meus amigos me sejam caros

e meus amores se algum deles restar

que me sejam gentis

E quando tudo for apenas uma foto descolorida na estante

que eu possa suspirar tranquila

com a saudade mais bonita

juntando cada pedaco do quebra cabeca de minha vida

Ana Frantz

Desistencia

Eu quis desbravar o mundo e minha expancao pessoal se tornou em meu labirinto. Agora ja nao ha mais limites para o voo, rabiscos em um mapa, bussula que me deem a coordenada.

Sigo com meus passos largos, afiados, com a fome de quem nao teme o avesso. O acaso. O adeus.

E nessa busca cega, quase me perco. Assumo, nao me entendo

Nao e a perdicao que me mete medo, mas o cansaco que trava minhas pernas avidas, quase sempre sedentas, quase sempre buscando aquilo que nao veem.

Meu corpo se curva em manhas de domingo e paralisa tudo ao redor. Quero uma cadencia mais certa no pulso do coracao. Ja me cansei dos silencios e dessas manhas envoltas no manto negro da solidao.

Algo em mim se apequena, quer a calma da desistencia. E a agonia que vive em mim, vai ditando os passos do retorno. Ja me cansei dos voos.

Ana Frantz

Fonte do Perdao

Ponho meus afazeres de lado, na gaveta dos dias de amanha. Estico as horas e me espreguico pelos ponteiros no relogio, que vao passando no vazio. O cansaco me arde a pele, o corpo mudo deitado no chao, ja nao ouve o que a alma pede. A alma quer sossego e quer alegria tambem.
Releio o caderninho das tarefas. E ja sao tantas, e tao pouco e o tempo. A correria me da mais cansaco. O trem que amanhece inchado de tanta gente, me aperta e me prende o ar, minhas manhas que ja comecam com cara de choro, me pedem para parar.
Como se nao soubesse, esse meu cansaco, que o mundo nao para, nao pode delirar. E essa gigante vida, que se estica e se encolhe, sempre dita para o ouvido do destino, que nada e grande, sem o misterio. E assim seguimos como cegos, tateando pelo caminho, esperando encontrar aquelas coisas raras que o coracao deseja.
E o coracao, esse fragil guia, so acredita no que ele acredita e apenas ve o que ele ve. Malabarista de seus proprios abismos, cambaleia por ser feito de eter, do eter do viver. Se expande e se apequena a merce de qualquer afeto. Se atira de alturas incalculaveis e quando alcanca o chao, la se ve os milhoes de pedacos, pulsando como pequenas estrelas que acabam de morrer. Mas quando ele pega altura e voa, o coracao se expande e se encanta com tudo o que ve.
Carrego meu coracao ate a fonte do perdao, e acendo labaredas ali. Pico cada pedaco do mosaico que tentei reconstruir e deixo que o fogo faca desaparecer o que tentei nutrir. E quando a noite deitar seu manto negro sobre mim, deixarei a escuridao cegar meus olhos me esvaziando de esperanca e vontade, ate que eu me esqueca daquele que me destruiu.
Ana Frantz

Friday, 7 May 2010

Outro dia

Eu quis o voo. Nao te culpo por teus pousos. Mas ja e tarde para recordarmos a blusa velha, a calca jeans que ja nao serve mais. Nao te quero prender nas gaiolas feitas de jornais de ontem e noticias passadas.

Ha um novo livro sempre esperando para ser aberto as novidades imortais. E ja que nada permanece igual para que temer os furacoes do passado? Se cada tempestade e sempre outra, e sempre novo o arco-iris que desponta no canto dos teus olhos. E sempre outro o sonho, a pele que cobre o teu corpo, a luz que instiga tua alma. E sempre nova a esperanca, a flor que germina da semente, a borboleta que desponta do casulo, a fruta madura que cai do pe. E sempre outra cadencia.

Te despe dessas roupas velhas, do rosto mudo, desse teu medo do mundo.

Ha sempre um novo mergulo no mesmo mar. Um outro misterio para desvendar, uma outra curva, um novo cheiro, um novo olhar. Ha sempre mais espacos para explorar com teus sentidos sedentos, serios, certeiros.

Mergulho em mim e te descubro ali, em cada traco do meu mapa. Quando a bussula fala leste, tu me olhas e cala. Quando e sul que ela indaga, tu me olhas e nao diz nada. E no teu silencio eu te devoro. Engulo cada palavra que eu crio por ti. No escuro te vejo abrindo tuas janelas, recitando teus anseios aos ventos, tentando acreditar em qualquer estrela, tateando o que tu nao entendes.

Te dispo com meu olhar e tua nudez preenche cada vazio que tua falta me causou. Absorvo tudo que ha em ti como se assim me devolvesses meu altar e o meu chao. Mas esses poros que respiram sempre em carne viva nao se cansam da entrega. Nao se envergonham da demencia de trazer em si esse apego, mas e de amor que eu falo, e nao da ilsuao.

E se me olhares com jeito, entenderas o que significa tatear com os dedos estrelas distraidas. Se me olhares, eu prometo abrir minhas asas e te revelar a materia de que sou feita. Sou feita de amor e nada mais.

Ana Frantz

Venus sorri para Marte

Sabia que a inspiracao que me veio nao era apenas uma paranoia habitual, eram as estrelas sussurando no meu ouvido. Venus sorri para Marte em meu ceu astrologico e me da uma chance a mais para acreditar nos segredos que as estrelas revelam.

E lua de bem com Plutao so pode ser prenuncio de paz. Da paz nos colchoes do amor, enquanto Venus e Marte namoram e dialogam em frases restauradoras.

E tempo de yng e yang dancarem juntos o mesmo passo, unindo o frio e o calor de cada um para a fogueira habitual das paixoes.
Minhas aguas desaguam mansamente no oceano em mim, e vou me perdendo nesse infinito do meu ser, acreditando que todo mosaico quebrado possa enfim ser restaurado. Concertando a cadencia de meus passos, esse avesso que fizestes crescer em mim. Teus ecos vao criando sinfonias no ar que respiro. Desenho teus sorrisos, construo teus caminhos, novos passos feitos de estrelas e voos. Te levo comigo nessa mania de levitar.
Minha pele arrepia, sinto um frio percorrendo a espinha. Te imagino chegar.
A Lua em sextil com Mercurio me revela que nao e pecado sonhar. Porque ate ela acredita em milagres, e eles hao de brilhar em meu ceu, quando a noite chegar. Teu cheiro intoxicante invade cada espaco em branco e respiro nesse vicio de te querer ver voltar.
Doidivanas rodopeio pelo mundo, deixando cair ao chao qualquer pedrinha enferrujada, toda poeira no meu veu mais precioso. Descalco os sapatos e o pudor. Me revelo a ti como quem acredita em milagres e simplesmente espera um chegar.
Abro meus bracos em redencao e entrego a ti o poder de me deixar entrar, escancarando tuas janelas, te devolvendo a fe e beijando tua boca assim tao arida por nao acreditar.
Rodopio no espaco de pes descalcos e te vejo dancar tambem. Ana Frantz

Thursday, 6 May 2010

For a good start of the day

In moods of extreme desire, be unisturbed.

This so-called universe appears as a juggling, a picture show. To be happy, look upon it so.

Beloved, put attention neither on pleasure nor on pain, but between these.

Objects and desires exist in me as in others. So accepting, let them be transformed.

(THE BOOK OF SECRETS, OSHO)


Wednesday, 5 May 2010

Normality

This is what we mean by a normal human being: he never touches his madness in anger and he never touches that total freedom, that ecstasy, either. He never moves from a solid image. The normal man is really a dead man, living between this two points. That is why all those who are exceptional- great artists, painters, poets- they are not normal. They are very liquid. Sometimes they touch the center, sometimes they go mad. They move fast between this two. Of course, their anguish is great, their tension is much. They have to live between the two worlds, constantly changing themselves. That is why they feel that they have no identity. They feel, in the words of Colin Wilson, that they are outsiders. In your world of normality, they are outsiders. ( THE BOOK OF SECRETS, OSHO)

Eu te vejo

Abro todos os espacos em branco. Desfaco, o rabo do acaso. Limpo tua estrada com alecrim, para que venhas sem medo, rabisco arco-iris em tua janela. Te chamo.

No distante rabisco do horizonte te vejo chegar. Cambaleias para um lado, noutras para outro. Teu rosto magro me parece abandonado, teus olhos ja nao possuem o mesmo brilho de antes, algo em ti foi mudado. Teu corpo feito de luz, teus poros e tuas mentiras perambulam pela minha imaginacao.

Te desenho do jeito que te quero. Tuas curvas, tua cor, teu cheiro. Rabisco sorrisos em ti, com o eco das gargalhadas que ainda teremos, ao som das musicas que aprenderemos a gostar, com o aroma vindo do fogao e as velas acesas no chao.Te declamo um poema, te ensino um mantra, te conto meus segredos e te dou meu coracao.

Nesse enlace do corpo junto com a carne transmutamos e tudo recomeca outra vez. E teu olho que me devora na profundeza da alma, indaga, anseia, se perde em mim.

Quando te imagino assim, sem teus medos tao comuns, tudo se torna claro, quase um fato consumado. Quando te vejo preso, mudo, calado. Acorrentado em tuas grades, tentando nao olhar, nao deixando se encantar, prometendo a ti mesmo a nao escutar, minha alma se esfria. Quero te trazer de volta a vida. Sacudir tuas asas e faze-las de novo voar.

Derrubar tuas amarras. As barreiras de que tanto falas. Despindo em ti esse casco desgastado que construistes para estancar a torrente dos finais. Te reconstruir celula por celula e te libertar desse peso invisivel que carregas

Renuncio meus enredos e esqueco o ensaio no camarim. Me encabulo e me descubro, entre a calma e a pressa, te espero chegar.

Ana Frantz

Tuesday, 4 May 2010

Esperanca


Serenamente deposito minhas esperancas em um envelope de papel. Nesse envelope tao bem construido com fibras minusculas e quase invisiveis, vai minha esperanca. Galopando no espaco entre estrelas. Entre o silencio das tardes e o relogio assustando o coracao, os ponteiros dancam longamente, soltos pelo tempo. O tempo da espera.

As palavras escorregando entre os dentes. Os amores que perdemos a cada esquina. As historias trocadas, emaranhadas, ja encabuladas por serem tristes. Os pedidos de perdao, os bilhetes de amor, a cara amarrada do nao. Fecho portas com a honestidade dos dias ruins. Nao o escondo de mim, o mosaico das cores mais feias. As gotas de chuva impregnando de tristesa e calma a estante de livros presa no canto da sala.

Espero ainda. Com a esperanca envergonhada por ser tao destrutiva.

A possibilidade do sim me enche de monotonia, minha alma quer dar um pulo, para passar a andar no futuro. A paciencia puxa meu vestido, arranha minhas pernas, me pede abrigo. Nao a quero. A paciencia, a morna e tao silenciosa eloquencia. Sento e espero, com a aflicao de quem acaba de nascer. E tua resposta nao chega, ela simplesmente nao vem.
Apago minhas velas no altar e deixo meus Santos irem dormir.
Fecho meus olhos, pequenos, verdes, lacrimejados e recito um mantra qualquer. Tudo o que vejo e que vens. Vens abrindo portas, perfumando as flores, iluminando as tardes, dando de beber aos passaros. Tudo o que vejo e teu amor se expandindo e me dizendo sim, sim, sim, ate o amanhecer. Tudo o que vejo, e o que nao tem salvacao, nem nunca tera. E minha esperanca, bem verdinha, vai me contando historias ate o meu adormecer.
Ana Frantz

I need a miracle


Wednesday, 28 April 2010

Saturno e Urano


O que queres manter? Rebusca fielmente em teu pequeno mosaico que teces dia apos dia, tuas oracoes felinas, teus momentos de silencio, tua carne acesa, quase sempre em emorragia. Escuta lentamente o sussuro do vento, da tua verdade absoluta. O que queres preservar?

Saturno briga com Urano, nessa luta glacial, um pede calma o outro quer a urgencia. Um quer manter suas muralhas o outro quer por tudo ao chao. E eu te indago no escuro, o que queres preservar?
A lua cheia vem minada de dengos, com seus proprios quereres e com seus ciclos do tempo. Vem pousando com a asa do acaso, um nao sei o que, que arde como a picada de escorpiao. Vem intensa, vem profunda, vem exigindo uma posicao.
O que queres preservar? - indaga de um ceu que quase sempre nos parece alto demais.
Entre as revolucoes glaciais e estrelas que mudam de cor, na Lua que vem em Escorpiao, nesse abril que vai chegando ao fim, eu me pergunto, o que quero mesmo preservar?
A resposta vem correndo entre os dentes e a saliva, como se so estivesse esperando, a oportunidade de se fazer ser ouvida.
Quero preservar o que ha em mim. E vive, lateja, arde e se expande. Embora Urano implore, e brigue com Saturno, minha alma nao da sinais nenhum de desapego, e me agarro ao que conheco. Minha oracao sai meio sem ritmo, me encabulo frente ao altar, quando peco, que nada em mim se perca, nem as dores, nem os sonhos, nem os amigos e nem tao pouco os velhos amores.
Ah os amores ja antigos que vao construindo em mim Templos onde me refugio em  noites em que a Lua vem brigar comigo.
Ana Frantz

Serene Transcedence




Serene Transcendence

I am still waiting. I am not sure what it is, but I am craving for an answer. It's all only a state of mind, I know.
But in between the lines, I long to hear his voice at the end of a long corridor. I need his love and his approval. I need something and I am not sure what it is.
Sweet mystery. Losing myself in the dark, trying to see with my tactile senses, and breathe with my heart.
Where we all go, when the silence comes?
I lye in the dark and wonder what is made of a star, if not a dreamer conspiracy. Is only light, but we made it brighter. I wish upon a star but I am still looking for my answers. I still trying to find the reasons why.
I lye naked in a wet grass lost in the dark. The full moon shines above me. I feel small, I feel confused, I feel loved. But I still want to hear his voice.
I just want to be sure. Suddenly I realize that I will never know. The Universe, with its billions stars and planets and Van Allen belts is beyond everything my imagination could conceive. I loose myself in the milk way and I navigate to the road which has no end.
Ana Frantz

Tuesday, 27 April 2010


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And there was still one thing she didn't manage to kill inside her after the big storm.
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vvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvvv HOPE.
JJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJJ AF

Jogo de cartas


E era quase sempre assim. Aquele vai e vem do balanco. Como se o destino e que jogasse cartas com nos. E como adivinhar quem segura o as de paus?

O certo e que ele revelou sem querer alguma fraqueza na voz, enquanto ela se descortinava em estrelas e flores. E ela mesmo sem querer, pode ver quando ele fechou os olhos, do outro lado da linha, so para ver se podia imaginar seu aroma, naquela noite de lua.

As palavras soltas impressas no livro iam assim ganhando vida propria. E um nao sei o que da nostalgia, arrepiava os poros da pele. A voz ao pe do ouvido, com seus mesmos tons e falsetes de antes, pincelavam na noite alta aquela vontade tao antiga. E ja sem codigos nem braile, a intonacao da voz, confessou o segredo guardado tao bem a sete chaves.

O desejo.

Seu corpo se curvava na luta contra sua propria natureza. Nao queria dar vazao ao que sentia e ao que lentamente ia fazendo seu sangue borbulhar. Sua aridez masculina exigia que fosse firme em sua palavra. Mas cada vez que fechava os olhos, agora o que via era a mesma silueta. As curvas das quais havia se perdido tantas vezes. E naquela noite entre a luz da lua cheia e as memorias do passado, quis dar um uivo que quebrasse o silencio, sua mudez e seu auto-controle. Quis se contorcer inteiro se revirando do avesso para ver se assim teria coragem.

Ensaiou uma frase. Teve ganas de lhe contar a verdade, enquanto ela lhe descrevia a textura da grama verde ou alguma nova filosofia que havia mudado sua cabeca. Ela falava sem parar, dos planos, dos sonhos, do tedio do trabalho, do cansaco e de sua dor de cabeca. Entre frases inconstantes, ia abrindo seu coracao, como quem dita uma receita de bolo.

Ele, com a mesma apatia habitual, lhe desejou boa noite e foi dormir sozinho, desejando, so por um segundo que pelo menos dessa vez ele tivesse tido a coragem de voltar atraz e de se despir frente a vida. Desejou devagarinho, uma vontade quase fraca, quase muda, que pelo menos dessa vez deixasse que a cegueira e a densidade daquele velho sentimento cortassem o baralho de cartas. Mas mais uma vez, foi ele quem as destribuiu, olhando com cuidado, para cada uma delas, so para nao dar nenhum passo em falso.

Ela foi dormir so tambem, mas se banhou em devaneios. E desejou profundo em seu sonho.

Ana Frantz

Monday, 26 April 2010

Saudade

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A saudade e uma folha em branco, quieta, calada. Alada de tudo o que nao vemos. AF
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O pleno meio-dia está sobre nós, e nossa sonolência tornou-se dia pleno, e devemos nos separar.

Se no crepúsculo da memória nos encontrarmos novamente, de novo conversaremos, e cantareis para mim uma canção mais profunda.

E se nossas mãos se encontrarem em outro sonho, construiremos outra torre no céu.
O profeta Gibran Khalil Gibran

Friday, 23 April 2010

Alma Nova

Uma mulher precisa se inibir das incertezas. Naufragar em seus proprios pesadelos, para entao entender o que diz na bussula do remedio.

Uma mulher precisa das marcas do tempo, do prazer e do sofrimento para sentir-se verdadeiramente uma mulher. Precisa de suas rugas, de suas curvas, de seus medos, e inevitavelmente, de suas perdas.
Uma mulher para ser verdadeira, nao tem que temer ser sua. Sua melhor amiga, cumplice, tirana e heroina.
Ela precisa da paz, da chuva, da grama que brota verde, da tempestade que angustia, da mao que traz o afago, da taca de vinho, da estante de livros, dos quadros na parede e das velas acesas na cozinha. Ela precisa da guerra para se tornar valente, do silencio para se tornar sua, da musica para se aproximar da Deusa, de poesia para se manter feminina e do sonho para permanecer rainha.

Uma mulher precisa de um chao macio com aroma das flores, de tardes banhadas de sol e noites regadas pela chuva. Ela precisa ter um pouco da menina, da mae e da amiga.

Ah mulher, como pode caber em ti tanta magia! Essa coisa que aflora na pele, a cor, o sabor e o perfume. Tua nudez tem o som, de todas as poesias que os anjos inventariam.
Mulher, tu que es, gigante e pequena. Prometa-me nao cortar-te em um bilhao de pequenas estrelas so para espiar quem tanto amas na caixa apertada onde ja nao cabes mais. Ah mulher, de magia e beleza, prometa-me manter te sempre inteira, porque e quando reluzes assim, que vejo tuas asas ganhando alma nova.
Ana Frantz

Luas


Nao sei o que da

Esse nao sei o que

E um mal me quer

Uma ardencia

De temer

E um furacao

Em noite calma

Que leva a alma e o corpo da gente

O trovao que mete medo

A tempestade

Que no fundo alivia

Nao sei de onde vem

Aquela famosa agonia

O corpo tremulo e a voz macia

A vontade de agarrar a forca

Os horizontes e os amores vestidos de boemia

De roubar o segredo do palhaco

Ou de fazer da vida

Nosso proprio camarim

Nao sei como muda

Mas a lua se esvazia e se inunda

De cores e sons

De roupas ou pele

E ja em outro segundo

E a alma aberta em flores aos desejos do mundo

La me vem o milagre sorrindo

Cantando ludico, baixinho

A vida minha cara donzela,

E muito curta para seres triste

Ana Frantz

Thursday, 22 April 2010

Ah como eu quero!

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais
Eliz Regina

Rainbows



Go and chase your rainbows...


vvvvvvvvvvvvvvvvvvvReach for the Sky!



Desculpa, eu me assustei com o que vi.

Teus mapas todos tortos, a bussula sempre apontando para a direcao contraria. Bom, esta certo, que tambem me perdi. Mas ate na perdicao e preciso uma dose de honestidade consigo mesmo. E preciso a nudez e a coragem do banho gelado num lago profundo.

Sera que em teus atalhos tardios, encontraras a entrega tao mundana que chega arder a pele? Sera que em teus erros, tu saberas chorar sozinho pela madrugada? Sera que gritaras meu nome em desespero, como eu tantas vezes gritei. Tantas vezes implorei?

Va! Siga teus arco-iris na ilusao de encontrar as moedas de ouro no final. Eu tambem os segui, para mais tarde entender que arco-iris nao possuem finais. Sao da mesma materia da utopia, e so servem para nos fazer andar, sempre em busca de um horizonte, a frente de onde pisamos.

Nao posso dizer que ja estou inteira. Que ja me revesti. Ainda ando nua e em mil pedacos, mas nao tenho se quer vergonha de adimitir. Nao posso dizer que tracei as rotas certas. Que sei o que nescessito. Que tenho paz de espirito. Ainda estou enfrentando meus proprios vendavais. Ainda estou escalando o precipicio. O precipicio, do qual, me atirastes. Ah, sim! Mas eu voei, e ate encontrei prazer na dor, nas feridas vertentes. Numa pele ardente de desejos e vontades que nao foram saciadas. Busquei matar a sede que me secava por dentro na poesia, nas viagens e na solidao. Tentei manter distancia dos copos vazios, das amizades casuais e de tudo que fosse raso demais. Eu quis o profundo e eu mergulhei. Mergulhei em mim. Mergulhei em ti, para tentar entender teus antagonismos tao crueis. Mas nunca entendi tua frieza. Talvez sejas raso tambem, e por isso, eu nao te vi.

Depois de tantos naufragios, aprendi a segurar o ar em meus pulmoes. Nao sei mais o que te dizer, acho ate, que ja te disse coisas demais. E que no fundo, sempre acreditei que somos responsaveis por aqueles que conquistamos. Matar um afeto mesmo em face de tanta dor, nunca me soou natural.

Ana Frantz


Wednesday, 21 April 2010

Veu de Maya


Em quantas partes devo me cortar ainda
Para me refazer inteira?Text Colour


Rabisco um nome com uma pedra de giz nas lajotas da varanda. Deixo cada letra arranhar em mim uma ferida. Uma memoria. Uma dor. Uma raiva. A vontade de gritar. De derramar as lagrimas que ja secaram em mim.
Olho por horas uma antiga fotografia, ate que ela comece a recontar uma historia. Nela sinto os aromas. Revejo por de sois, banhos de mar, escuto linguas desconhecidas, tomo cha de menta, ganho um beijo desprevenido e caminhamos de maos dadas.
Escuto de novo aquela musica. E quando fecho meus olhos, suavemente, o primeiro dia, pousa suas asas em mim. Cada palavra, cada ritimo na melodia vai me inundando de uma nostalgia sem patria. Tento agarrar o momento. Segurar com meus dedos o sentimento que havia. A musica falava no paraiso, falava em estar presa em teus bracos, falava dessas coisas dos primeiros dias.
Rebusco tudo o que posso. Me maltrato para ver ate onde meu coracao aguenta. O torturo para ver se assim ele cansa. Foge, some, ou morre.
Esse coracao que ja lutou tanto. Para amar, para preservar e para esquecer. Esse coracao esta cansado e agora quer adormecer.
Desfaco meus veus de Maya, luto ainda mais uma vez. Agarro o sonho, rabisco mapas, trilho atalhos. Eu vou embora, agora adeus.
Ana Frantz

Normalidade

O ceu se descortina em um azul limpido

Na manha que vem dourada

Os avioes voltam a voar num ceu

Sempre em transito

Vejo um sinal de alivio brotar em mim

Enfim, o exilio teve um fim

Londres retorna a ser

O porto de partidas e chegadas que sempre foi

Por esses dias em que ninguem

Chegava nem saia

Eu tambem me via presa

A qualquer coisa

La no ceu azul

A fumaca que risca o ceu em giz

Reafirma a normalidade dos dias

Eu suspiro em alivio

Como se assim, ele tambem pudesse retornar a mim

Ana Frantz

Estrelas

Olhar para o ceu de ontem, dava calafrios.

Nao havia um som, rastro de fumaca, nenhum aviao no ceu.

Nos finais de tarde quando o cansaco vai aos pocos me adormecendo, o que gosto de fazer e sentar na varanda. Meus amigos dizem que a vista que tenho do ceu, de la, e magica. E um olhar amplo, alto, quase poetico. Tem dias que posso jurar, que as nuvens saem correndo ligeiras, quando la me sento, abrindo como cortinas de teatro, ao espetaculo das estrelas. Ah as estrelas de Londres!

Quantos de nos ja rimos em segredo sobre isso. As estrelas de Londres sao diferentes, de todas as estrelas que ja vi, nos ceus do sul. Sao estrelas que se movem, pra la e pra ca, num bale todo delas. As vezes elas piscam, noutras, correm ligeiras em uma direcao, algumas ficam sempre paradas no mesmo lugar, e ha quem diga que estas sim, sao as verdadeiras estrelas. As vezes elas se intercalam, noutras quase se batem, mas sempre me fazem sonhar.

Entao, quando o mundo la fora me cansa, me sento na varanda, ao findar do dia, acendo um cigarro, e me preparo para o espetaculo que as estrelas encenam. A uma ou outra dou nomes. Algumas serao sempre o mesmo personagem. Pessoas idas, outras distantes, e ate quem ainda nem existe em meu enredo. No meu espetaculo interior, elas estao todas la. Cada uma com sua fala, com sua historia, e sempre com seu final feliz.

Ah como gosto das minhas estrelas!

Mas elas sumiram por seis noites. Deixando meu espetaculo sem plateia. Ouvi dizer que a forca subita de um vulcao na Islandia foi quem espantou minhas estrelas de mim. Me contaram que hoje a noite elas estarao novamente la. Entao quando a tarde findar de mansinho, estarei na plateia, esperando minhas estrelas dancarem pra mim.

Ana Frantz

Tuesday, 20 April 2010

SAUDADE, de quase tudo, de chuvarada em noite quente, para molhar a alma e o corpo da gente

Aqui


E quando o sol amanheceu na janela abri os olhos sem preguica. Amanheci aliviada, nao acordei te sentindo em mim. Sem pesadelos, nem sonhos. Tua imagem nao estava mais la. Se nao no medo de que voltasses de novo com furia, quando eu estivesse distraida.

Caminhei ate a estacao na manha que me sorria com a cautela do descrente. Nao queria tropecar em pedra alguma que me revelasse sem querer o teu nome.

E as horas essas pequenas moleculas da vida foram aos poucos te aticando em mim. E sofria baixinho para que ninguem me pegasse assim, desprevinida.

Eu que ja perdi o direito de sofrer por ti. Que ja nao posso mais, balbuciar teu nome, quando meu mundo treme e se agiganta. Eu, que ja nao posso mais adimitir.

No silencio teu nome, minha raiva, a furia, foram ganhando corredores, salas, e uma cidade inteira. Tudo me lembra a ti.

E se eu pudesse eu te amaria como antes, choraria como antes, te desejaria como antes. Mas hoje eu sou vazia. Eu ja nem te quero mais. E so magoa!

Esse veneno que circula em meu sangue, que me pede para gritar, atirar cacos de vidros em ti e te fazer sangrar. Mas nao e nem revanche que eu quero.

Eu quero te esquecer.

Quero te resumir ao nada. Ao invisivel. Ao que nao tem gosto, cor ou som.

Quero te transformar no mosquito que pousa no vidro da janela em tardes quentes, e que nem me faz levantar da cadeira para espanta-lo. Quero que me sejas insignificante.

Mas eu te odeio e quero teu mal. Mas eu te adoro! Te amo, e nao te quero longe das minhas asas, do meu dominio.

Como podes me esquecer assim? Logo eu que me fazia tao gigante em tua vida, o que fizestes com os espacos todos que deixei? Com as gavetas vazias?

Preenchi cada espaco que faltava, enlouqueci e me entediei. Tentei ignorar aquela vozinha chata, repetindo sempre o mesmo nome. Aumentei o volume e fingi nao ouvir.

Mas no final do dia. Quando a ultima luz se apaga e o silencio ja se torna parte da noite, teu fantasma vem me lembrar de tudo o que eu vivi.

Eu nego.Tento esconder. Atiro um balao no ceu, so para ve-lo se perder na imensidao. Te imagino nesse balao, e quando passa um segundo, estas novamente aqui.

Ana Frantz

Era uma vez uma linda moça que perguntou a um lindo rapaz:- Você quer casar comigo?Ele respondeu: NÃO!E a moça viveu feliz para sempre, foi viajar, fez compras, conheceu muitos outros rapazes, visitou muitos lugares, foi morar na praia, comprou outro carro, mobiliou sua casa, sempre estava sorrindo e de bom humor, nunca lhe faltava nada, bebia cerveja com as amigas sempre que estava com vontade e ninguém mandava nela.O rapaz ficou barrigudo, careca, o pinto caiu, a bunda murchou, ficou sozinho e pobre, pois não se constrói nada sem uma MULHER.
FIM!!!
(Luís Fernando Veríssimo)
Seek and you will find!










Seek the beautiful things and count the blessings of where you are.

Monday, 19 April 2010

Todas as linhas



E entao chegou um cometa, e pousou em mim. Esse cometa feito de um bilhao de estrelas, fez renascer o sonho, a vontade e o desejo. A gana de fazer a torneira parar de pingar, pela madrugada, sem razao nenhuma. Veio a gana, voraz e certeira, de dizer chega para essa agonia aborrecida. E la no ceu outra estrela distraida, se atira, so pelo prazer de voar.


E minhas asas que andaram adormecidas, amarradas nos remendos e na ferida, agora ansiosas, ja partem em busca de uma outra bussula. De um outro norte, talvez o sul. Ja partem procurando qualquer coisa perdida em esquina alguma. Uma moeda antiga, um coracao quebrado, um amor ou um amigo.


Essas asas de passarinho abatido batem na dimensao ganhando alturas, e ja e a aguia que voa na imensidao e na vontade de dancar sem os pes no chao. La se vao meus baloes coloridos, se perdendo de mim, soltos em um ceu azul.


La se vao as amarras e mais uma vez me vem a forca que o esquecimento alcanca. Apago as linhas que me prendem em frases ditas, apago os insultos e congelo os carinhos. Guardo no peito a certeza dos amigos sinceros, do amor de mae, do consolo de um pai. Guardo a camaradagem que so a irmandade tem. Guardo isso, guardo aquilo. Uma pedrinha, um ticket de trem. Mas jogo fora as algemas, e essa coisa de querer bem a quem nao me ve.


Adeus, adeus, coisas idas. Adeus ego meu, esse meu maior inimigo. Aceito as perdas, elas sao minhas e de mais ninguem. Nao as quero de volta, coisa alguma! Quero perde-las mais e mais, a cada noite banhada de lua. E aos meus tesouros eu serei atenta, pois sei, tambem, que ate o ouro mais brilhante e a pedra mais rara, podem partir um dia.


Sou o nada, e sou o tudo em mim. Nao me importam os dias gloriosos ou as ricas tardes em jardins. Quero a paz, e por ela grito teu nome ao infinito. Que te vas, sem mais demoras, que te percas no infinito em mim. No infinito em mim, onde moram todas as coisas idas.


Pois eu vou. Eu sigo para alem da estrela onde o futuro tem um nome, que o impossivel nao espreita. Vou alem de mim, de ti, e de tudo o que ficou pra tras.


Ja nao me ves, pois ja nao estou mais aqui.


Ana Frantz



In my Heart

I want to find a space
A small space in my heart
Where I can hide and close my eyes


I want to find a space

A little corner in my heart

Where his name

Is not written all over my walls

I need to find a space



A special space in my heart



Where he can't penetrate

A space where I can hide
And be free
From the pain, the pain, the pain
Beating me up with every heart beat


I need to find a space

In my heart
To hide away from his cold lies

I need a space
A tiny space in my heart
A space I can call mine
I only need a little corner
To sit and hide

I need to find that special place


In my heart



Ana Frantz

O SENHOR DA MADRUGADA

vvvvvvvvvvvvvvvE se um dia nada disso passar
vvvvvvvvvvvvvvvvvvvVVVVVVVVVVVAna Frantz
os ponteiros do relógio
avançam
madrugada adentro
e o céu começa a ganhar
teu jeito
iluminado de amanhecer
da sacada
por horas e horas a fio
testemunho o silêncio
e seus tumultos
subirem a rua errantes
e milhares de pessoas no entorno
sentem a vida pulsar
em seus sonhos
noites e noites aguardando
a ti
noites e noites
velando teu sono
e teus sonhos
secretos
e não vendo nenhuma
razão
para dormir
muito menos para sonhar
quem te fez tão distante
de mim
te fez ao mesmo tempo tão perto
tão perto
a ponto de eu sempre
te sentir em mim
quem te fez apagar em ti
a possibilidade da lua
nessa noite que se esconde
para não ser vista
a chorar
o mundo todo e
seus horizontes
que guardo
encastelado nessas alturas
me lembram
que nada lá embaixo
faria sentido
sem ti
em algum lugar aqui perto
secreta ou angustiada
amada
tu dormes
e eu
também
quero
dormir
Romar Beling

Thursday, 15 April 2010

One day


Se um dia


E se um dia isso tudo passar? Com que cara, eu, essa mulher nua e sem vergonha nehuma, vai adimitir, que fui capaz de matar o que eu mais amei em mim? Se um dia eu acordar pela manha me sentindo plena e faceira, com que roupa, eu, que nunca sei o que vestir, colherei os vegetais frescos no jardim? Se um dia, esse vai e vem sem fim, e a multidao que me atropela todas as manhas por debaixo da cidade, estiverem apenas congeladas em uma fotografia de jornal, como eu, tao acostumada com o borburinho de idiomas se entrelacando em uma torre de babel, suportara a beleza do canto de uma passaro entre o arvoredo?

E se um dia eu sorrir de novo, com todos os veus que me cobrem, como poderei sustentar as borboletinhas faceiras fazendo cocegas em mim?

E se um dia, o pouso e o voo forem intercalados em uma sonata, como poderei suportar o peso dos meus sonhos todos na gaveta do camarim?

Se um dia isso tudo passar, como poderei caminhar ao lado de um estranho na rua, sem que ele se quer desconfie no destino que escondo e no extase que eu carrego? Se uma dia isso tudo passar e os dias forem leves e soltos, e o amor, mais do que uma palavra for em si o verbo que inicia minhas manhas, como poderei fingir, que tudo esta sob controle e que continuo sendo um ser humano de carne e osso?

Se um dia isso tudo passar e meu sorriso nascer ingenuo como nos dias da infancia, como poderei esconder minhas asas e a vontade de ensaiar meu bale no telhado sob a lua que alta me encanta?

E se um dia nada disso passar?

Ana Frantz

curse


Blood & Pain


E o vazio do cotidiano dos dias, segue enchendo rios em mim. E o silencio inundando cada pedacinho da sala, do quarto, da cozinha com a torneira que pinga. Pinga sem vergonha da esborragia.
Se a sede, essa que seca tudo por dentro e mete medo do silencio que pode durar pra sempre. Se essa sede tivesse um nome pelo menos eu teria uma busca. Mas o vazio nao tem rotulo, ou bussula. Ele e o infinito quando se perde da luz. E a gente se perdendo de si... Achando que qualquer coisa que nao temos ainda, podera contruir uma ponte que nos proiba cair de novo no infinito vazio de nos mesmos.
Sento a meia luz, na solidao de mim mesma e me deixo esconder nesses vales ventosos em mim. Sombras da noite ou raios de sol que permanecem mudos.
Nao quero ver ninguem, porque ninguem possui a outra metade que falta em mim. Por isso quero sangrar sozinha, lambendo minha ferida, com a saliva lacrimejada de quem ja nao sabe mais o que fazer para encontrar a cura.

AF

Wednesday, 14 April 2010

AND I AM


STILL WAITING, WAITING ON THE WORLD TO CHANGE IT.
I WANT TO TRAVEL FAR AND BEYOND BORDERS
I WANT TO GET LOST IN A LANGUAGE I'VE NEVER HEARD BEFORE, I WANT TO FIGURE OUT IF LOVE STILL BEATS IN PEOPLE HEARTS, IF THEY STILL LONG TO BUILD A DEEP CONNECTION BETWEEN BEINGS, I WANT TO PROVE TO MYSELF THAT I AM NOT A SLAVE OF A SOCIETY WHICH DOESN'T CARE FOR THE PAIN IT GENERATES INTO OUR SYSTEM. I WANT TO TRAVEL FAR TO GET LOST FROM MY OWN CONTAMINATED SELF. FORGET THE CITY NOISES AND PUSHES ON THE TRAIN. FORGET THE MISERY OF LONDON AND IT'S PEOPLE WITH BIG EGO SYNDROME AND GOOD INTENTIONS. I WANT TO GO AS FAR AS THE POINT WHERE ICE NEVER MELTS AND THE STARS DANCE IN THE NIGHT. I WANT TO TRAVEL FAR AND BEYOND AND FORGET MY LIMITATIONS AND MY FAILURE IN GUIDING MY OWN HEART. I WANT TO FORGET MY OWN NAME. AF

So it is

So, I realized, doesn't matter how long I wait...

He will never return,

The sun doesn't shine much above the Equator,

When are there rainy days, they last and last, for weeks

South America still a house of infants trying to figure it out

Europe still a mixture of conservative idiots who still trying to go against multiculturalism believing deep inside they still the conquers of far away lands and therefore they hold the knowledge of the world.

You always going to be an immigrant in other country, not matter how long you wait for recognition.

Middle East may never reach a peaceful agreement, and Jerusalem, may always be, marked not only by the land which killed Jesus, but also, so many Palestinians and Israelis trying to understand the mean of theyr fight.

Man and woman, may never find a way to know each other deeply in a romantic way.

And at last I realized that, doesn't matter how long I wait to achieve another goal, and another challenge, some people, will always take your efforts for granted.

Doesn't matter how much money I've accumulate over the years, we are always exposed to the caos of instability.

There are three things that matter and if you have them hold it tight, close to your heart:

* A true friendship

*The love from your family

* The ability to see good in the world

The rest is only illusion,confusion and ego.

AF

Livros que me acompanham em 2009

  • Notes from my travels- Angelina Jolie
  • THE SHAMANIC WAY OF THE HEART - Chamalu- Luis Espinoza
  • Shooting Butterflies - Marika Cobbold
  • The Global Deal - Climate change and the creation of a new era of progress and prosperity- Nicholas Stern
  • The Penelopiad- Margaret Atwood
  • Discover Atlantis - Diana Cooper
  • Tne Gift - How the creative spirit transform the World - Lewis Hyde
  • My East End: A history of Cockney London- Gilda O'Neil
  • Delta of Venus- Anais Ninn
  • The Little Prince- Antoine de Saint Exupéry *** Apr
  • Doidas e Santas- Martha Medeiros (March)
  • The English Patient by Michael Ondaatje
  • Gilead by Marilynne Robinson - Feb
  • Healing With the Faries by Doreen Virtue (Feb)
  • Montanha Russa- Martha Medeiros (Feb)
  • O codigo da Inteligencia - Augusto Curry - Feb
  • O Ensaio sobre a cegueira - Jose Saramago ( Jan Lendo)

Livros que andaram comigo em 2008

  • Meditacao a primeira e ultima Liberdade by OSHO ( Dec)
  • The English Patient by Michael Ondaatje (Dec Lendo)
  • Harry Potter and the Philosopher's Stone - J.K Rowling (Oct Lendo)
  • The PowerBook - Janette Wintersone (Oct- )
  • A vida que ninguem ve- Eliane Brum (Sep - Lendo)
  • The Birthday Party - Panos Karnezis - (Sep )
  • Ensaio sobre a Lucidez -Jose Saramago (Lendo...)JUN
  • Nearer The Moon -Anais Ninn (Lendo..) JUN
  • Superando o carcere da emocao - Augusto Cury(lendo...) JUN
  • Perdas e Ganhos- Lya Luft Jun(Releitura) Jun
  • A Mulher que escreveu a Biblia - Moacyr Scliar(May) ****
  • The Secret By Rhonda Byrne (May)
  • Time Bites -Doriss Lessing March (lendo...)
  • Life of Pi - Yann Martel (March to May )
  • The Kite Runner -Khaled Hossein /March ****
  • Back when we were geown ups / ANNE TYLER (larguei na metade)
  • O Sonho mais doce - DORIS LESSING /Feb ****
  • The Crimson Petal and the White- MICHAEL FABER / Dec-Jan / ***

Livros que me acompanharam em 2007

  • Burning Bright - TRACY CAVILER
  • Fear of flying - ERICA JOUNG (larguei na 50th pagina)
  • I'll take you there - JOYCE CAROL OATES ***
  • Memorias de minhas putas trsites GABRIEL GARCIA MARQUEZ ***
  • The Siege - HELEN DUNMORE ***
  • A girl with a pearl earing - TRACY CHAVILER ***
  • A year in Province PETER MYLES ( larguei na metade)
  • The mark of the angel- NANCY HUSTON-
  • A bruxa de portobelo - PAULO COELHO -
  • Under the Tuscany Sun - FRANCES MAYA -
  • Sophie's World - JOSTEIN GAARDER *
  • The umberable lightness of being - KUNDERA- **
  • As aventuras da menina ma MARIO VARGAS LOSA - ****

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