
Nao eram maos enlacadas e bracos presos em abracos, na boca colada em outra saliva. Nao eram horas e horas ao sabor da nossa companhia. Ainda que esta fosse, sempre a melhor de todas as alegrias do dia. Nao eram nas assinaturas em papeis; nosso contrato maior foram sempre nossas cartas de amor. Nao eram em possessoes carnais, temas viscerais, crises de ciumes e cobrancas tao normais.
Compreendemos, ja no primeiro olhar que havia amor.
Esse amor, que veio antes do aperto de mao; nos convocou a nao errar nisto. A preservar este amor; como se fosse a ultima especie da flor selvagem mais rara, provedora de polen doce e medicinal. Nao podiamos fazer isto; matar o amor, com as maos tao pesadas da realidade. Por isso ele veio assim. No esconderijo do nao. Na impossibilidade de te tocar com meus dedos tao pesados, eu te permito o voo. E so assim. Te liberto das grades tao insanas do meu amor.
Gosto tanto quando me olhas voar. Livre e inconstante. Admiras o jeito com que bato minhas asas com furia contra o vento enquanto deixo que a chuva molhe tudo o que ha em mim, como se minhas asas, neste instante se transformassem na terra umida, pronta para germinar qualquer semente.
Aprendemos isto; so haveria um jeito de nos amarmos assim em demasia.
Quando me olhas com teu olhar de ceu infinito me perco dentro da tua imensidao e fico flutuando por ela, enquanto amacias minha alma, com as tuas maos sempre tao leves.
Desde sempre, sabiamos, que este muro das impossibilidades foi o que tornou nosso amor mais absurdo. E por isso mais verdadeiro.
Aprendemos desde sempre que so haveria uma forma de nos amarmos; e esta era a liberdade.
Te deixo ir e te deixo voltar, como se minha casa de dentro- este musculo involuntario, fosse tua morada. E e. Quando partes por muito tempo, sempre retornas para uma casa cheia de poeira e uma nuvem ou outra muito escura- mas ja no proximo instante apos tua chegada, ha flores colorindo os cantos e uma musica alegre tocando ao fundo.
Es o tudo e o nada em mim.
So me e permitido te amar assim ao sabor dessa nossa liberdade. Na certeza de que essa estrada nao termina nunca. Nao sei quando abriras a porta espantanto todos os fantasmas negros em mim, mas sei que viras e o mais importante e que sei que nunca deixaras de voltar cada vez que partir.
Ana Frantz