Me esvazio da tua presenca intoxicavel e fatal. Meu coracao acelera em curvas que ja nao posso mais domar. Nao tenho medo do escuro da noite, nem dos gritos selvagens que escapam na madrugada de minha propria garganta. Te amaria ainda, ate o findar da ultima noite em chamas. Mas ja nao quero ser, a que espera em vao, por qualquer tipo de salvacao. Apenas a liberdade me salva. A liberdade de nao precisar respirar tua voz para me manter viva, e este tipo de libertacao que procuro. Minha entrega e para o nada e com ele preencho cada arteria do meu corpo ainda cheio de vida e desejo de amar em totalidade.Ja me canso da covardia tao obscena. A fraqueza me da calafrios de medo. Nao quero contrair esta doenca feia e fatal. Quero tocar no invisivel e redesenhar seus contornos ainda tortos para a compreensao do mundo. Nao me basta o que faz sentido, quero sentir com a unha e o figado, o que e estar vivo dentro do outro. O resto nao me basta.
Sigo a frente, e me despeco de teus olhos claros, com a certeza de que te dei tudo o que havia para ser dado. Todas as certezas de que precisavas para seres audacioso o bastante para tomares a redea de tua vida em tuas maos.
Ainda havera tempo, para a fraterna amizade, esta que ja faz parte de nossos poros, tremulos e aflitos por outra gargalhada em tardes de quarta-feira. Mas meu absoluto tesouro, este eu recolho e te abandono a morna rotina de teus dias.
A frente, la na linha do tempo riscando um horizonte qualquer, entre meus voos tortos e cambaleantes, a distancia desenhara rabiscos no ceu, rastros brancos das coisas das quais fomos feitos, mas que passaram, como tudo na vida, passa.
Ana Frantz
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