Tuesday, 6 July 2010

Na contramao


Sento na grama molhada com meus joelhos no chao e em segredo converso com Deus. Lhe peco ainda um pouco mais de paciencia, para as licoes tao conhecidas, e sempre doloroso esperar pelo acontecimento que mudaria a minha vida. Em tons de desespero lhe imploro uma reviravolta. Qualquer vento rodopiante ou sorrateiro que arranque minhas raizes, tao presas a um chao que nao nutrem mais minha sede.
Ja nao calculo os limites do meu dia. Ainda continuo acreditando em um milagre, que justifique todo esse tempo perdido a espera de algo que me surpreenderia.

O certo e que se reconhece quando a vida vai passando no vazio. E ninguem quer segurar o peso do nada, atonito e indeciso, quando merecia bem mais.

Meu instinto cabalistico me diz que tem uma frase ainda nao decifrada nesse silencio que impera atraz da cortina do camarim. O espetaculo que inicia sempre com atraso quando ja desistimos de esperar na arquibancada pelas risadas e o abraco que viriam nos salvar desse abismo que nos persegue. Olho para a altura que me separa do chao, nao e o medo que me paralisa, e a incerteza de saber se posso mesmo voar,em distancias altas assim.

Enquanto me tranco em um quarto escuro tentando catar respostas que nunca encontro, a cabala insiste em dizer que o dia de deixar tudo pra tras chegou, e que ja nao havera chance de se permanecer o mesmo. Na euforia de quem anseia renascer, me dispo das roupas e do medo e abro os bracos ao vento, quero me deixar levar por essa forca, que a vida impera. Nao somos guias nem cegos, somos apenas plumas flutuando na atmosfera de um Deus que conhecemos tao pouco.

Fico em silencio tentando escuta-lo. Esse Deus que ainda nao conheco. Nao tenho paciencia, desisto, me desespero. Quero renascer, outra, nua, insana em um mundo todo novo. Espero o chamado; mas nao escuto nada a nao ser um silencio, denso e doloroso me repetindo frases antigas.
Olho para o ceu com olhos insanos, nao fui eu quem escreveu esses enredos. Me enfureco! Mas ja que nao posso ter o que insisto, me convenco e sigo. Ha um prazer escondido no desistir. Me solto livre em um ceu sem cor, e na distancia entre o que sou e persigo, mora a paz que preciso para nutrir as sementes ainda ferteis em mim.
Ha sempre um sussurro que me lembra que carrego um vazio na mala e uma vontade de trilhar caminhos diferentes. Mas mesmo na contramao, prossigo, sou sempre mais intensa na ousadia de ser interia sozinha.

Ana Frantz

Monday, 5 July 2010

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Eu nao sei o que ha em ti. Nao sei que vicio me prende a ti. Nao sei que sede e essa, que nao sacia, nem mesmo com os melhores vinhos do mundo. Nem com as aguas mais puras vindas das montanhas mais remotas. bbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbnnnnnn
nnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnbbbbbbbbEu que escalei a montanha mais alta, nas alturas que sempre me fizeram voar, eu me perdi. Porque nao ha horizonte sem que estejas ao meu lado. Sera que um dia entenderas uma so palavra que eu digo?
And I am still waiting for the horse, the prince and the cure... I need saving


O comeco e o fim

Me deixa te despir por inteiro, ate a alma encontrar o ponto certo da entrega. Nao ha mais geito, e so assim que te tornaras inteiro. Nao havera formas para tramar um esquecimento que nao chega, que simplesmente nao vem. Me deixa te despir dos teus medos, me deixa te embalar em meus bracos com aquela melodia que gostavas tanto. Me deixa te despir a roupa, a alma e tuas certezas.

E preciso que venhas, e me colhas serena e muda, nesse jardim do qual eu nao pertenco. Acaso nao sentes que te espero chegar? Sera que nao escutas ao longe esse sussuro? Sempre te espero chegar.

Me deixa te mostar a materia das coisas raras, o segredo das coisas tao nossas, das quais nao podemos mais tocar. Me deixa tocar teus sentidos, te alivia comigo. Ao meu lado seras mais tu, sempre mais a essencia do que realmente procuras. Sera que nao ves, que procuras a mim?

No silencio das coisas que se ensinuam indecentes; seus segredos tao vulgares. Nas tardes que passas ausente, distante de ti mesmo, sei que escutas ao longe uma voz que chama pelo teu nome, para que justifiques tuas dores, para que te dispas dos teus medos, essas certezas tao atrozes, crueis para ti mesmo.

Enquanto te espero, ajoelho em frente ao meu altar, com lagrimas nos olhos eu imploro que venhas me buscar. Esquece que somos feitos de tecidos diferentes, e nos retalhos que a colcha que cobre o corpo febril se faz mais autentica. Tuas cores contornam meus borroes e sou sempre mais mulher quando me pegas pela mao.

Me deixa te despir ate a alma encontrar seu osso e costela, acaso nao sabes, que ha um sabor exotico e unico na impossibilidade que cambaleia no labirinto das verdades? Quando menos espera a verdade te espreita e ja nao tens mais para onde fugir.

Entao te rebusca! E preciso que venhas, nao tem mais geito, de certas coisas nunca teras como fugir. Os segredos que adormecem mansos em teu peito, podem a qualquer momento despertar monstros em ti. Aceita que precisas de mim, da mesma forma que preciso de ti, te livra desse pre-conceito. Ja nao sou mais a mesma e pelo mapa tatuado em minha pele suada, sedenta e voraz, encontraras o atalho que tanto buscas.

Eu sou o comeco e o fim. Entao vem e desagua em mim.

Ana Frantz

Te Esquecer


Tuas palavras que nascem sem forma, nem preconecito, encontram sempre seu porto em mim. E eu desaguo ja sem querer me entregar aos devaneios de tuas algemas. Me prendes, me devoras, me enlouqueces. E eu sigo, cega e faminta, a tua procura.

Nao sei onde escondes esse tesouro do existir. Essa vontade em te querer, sempre mais para a fome infinita. Me nutres e me desidratas, me acendes labaredas impossiveis de controlar. Es o sol, no meu universo sempre tao infinito, mas pequeno quando nele vem dancar.

Nao te vejo, nao te sinto, mas es sempre o astro, desse espetaculo que grito rodopiante pelo palco que reconstruo a cada manha. Cada dia e uma nova historia, e sou eu, vertendo lagrimas novas.

Tao cheia de cores, tao cheia da vida e sempre inundada por esse amor incontrolavel, que me torna sempre mais atrevida.

Eu bagunco teus livros, reescrevo tuas frases feitas, te encontro sempre em uma nova esquina, danco sozinha na chuva e te declamo palavras bonitas. Sei que navego em ti. Em noites quentes dancas tentando te encontrar, tentas me ver no escuro, na noite coberta por estrelas e na madrugada que gelada sempre grita meu nome em desespero.

Sei que querias ter dito tudo diferente.

Nessa danca de malabaristas, somos apenas gurreiros sem nome, tentando agarrar o que nos pertence. Mas entenda isso; nada mais nos pertence, depois de termos deixado escapar o tesouro unico e verdadeiro. Quando nossas maos se perderam na caminhada longa e traicoeira, se perderam de nos, a historia que queriamos tanto ter contado.

Esquecer doi.

Ana Frantz

X


Put a little love in your heart and show the world what you've got. You will realise your smile can heal a broken heart. AF

Friday, 2 July 2010

Thursday, 1 July 2010

A hora do sonho


Parece que tem horas em que o sonho pede para nascer. Nao e assim? E quase um grito que extremece as paredes que nos estruturavam tao bem. E ja nao se pode ser mais o mesmo. As coisas que vao tomando forma e vida propria fora de nos, pequenos novelos de la, que vao se aglomerando no caos das estrelas se chocando.



Na hora em que o sonho nasce, o caos se recria.
Quase sem querer vamos dando forma e vida para um ser novo em nos, somos sempre um espelho no outro. E estamos sempre a merce do que o outro refaz em nos. No desenho que o outro pinta a caricatura que revela a sorte ou o azar, o belo ou o feio, o amor ou o desapego.
Essa ilsuao que habita em nos, flashes de cores, sons, desejos e nescessidades. Ao que nao suportamos, nosso suor mais sagrado. Poro por poro, o sal que arde. Aos caminhos percorridos seguindo cegos, e ate para os loucos devaneos, era nossa promessa mais bonita. Vontade de ter dito tudo diferente.
A paisagem gira sob os olhos extasiados, o mundo tem o poder de encantar, e so quem e louco nao se joga assim, na agua de corpo inteiro. A agua so esquenta quando chega no pescoco.
Deixo minhas nuancias se agigantarem, nao importa que eu nao acredite, se o que for real e entao de fato a realidade a vida se recria sozinha. E impossivel nao desconfiar que se e feliz. As palavras nunca ditas se abrigaram no silencio. E o silencio as torna um mito, um mito sempre esconde um medo.
Abro minhas asas em redencao; sinto o cheiro do vento, vejo as nuvens passarem correndo, escuto os sinais. Abro as portas da casa de dentro, e com toda a tranquilidade do mundo eu observo um sonho nascendo.
Ana Frantz

Tempo perdido

Ele desenha seu nome como se o som que as palavras gemem quando se juntam, tivessem importancia nenhuma. Ele danca essa danca em silencio com medo de que a musica muito alta acorde os fantasmas dos quais conhece tao bem.


E com a voz quase rouca grita na noite escura: -Algumas vezes basta uma perda de caminho para que nao consigamos mais retornar rumo ao destino inicial da caminhada...

Por isso ela saiu voando sem pensar em mais nada...
Ana Frantz

Deixa pra la

Deixa pra la. Ja passou. O soluco engasgando qualquer risada. As maos frias apalpando os porta- retratos no escuro. Ja passou a saudade.

Nao importa mais que tenham podado minhas asas e por longos anos me acorrentado em uma gaiola feia e sem graca. Olha pra mim e ve esse riso que nasce solto, esse brilho no olhar vem de uma alma que sobreviveu ao fogo que arde as coisas mais sagradas em nos.

Ainda que tenham enganado minha fe, baguncado minhas certezas e jogado minhas perolas todas ao chao a merce de qualquer mendigo, recolho o que me sobrou. Tudo o que e essencial se faz permanente. O que me tiraram, ou o que eu perdi, eram apenas coisas a mais que carregava na bagagem, o peso delas me delimitavam os passos. E eu gosto mesmo e das estradas, nasci para ser andarilha. Sigo assim, mais leve pelos caminhos.

Entao, deixa ele ser pequeno, e me deixa ser gigante. Ja se perderam as contas entre nos.

Deixa pra la o passado e todas as coisas raras que doastes com olhos fechados. E assim o amor. Deixa pra la as coisas concretas, os documentos empoeirados, a raiva de tudo. E assim a vida e tudo passa.

Enlaco o agora e com ele costuro botoes no meu vestido, me revisto com os minutos e as horas, e o dia de agora, se faz em meu presente mais bonito. Olho o horizonte que me convida para uma nova caminhada, ha sempre tempo de ser mais feliz, demoradamente mais feliz. Ha sempre tempo para se doar mais, sim ainda mais. Ha sempre algo de nos que ainda nao desperdicamos, e dificil adivinhar, mas com sorte, algo de raro pode se multiplicar em um turbilhao de novas cores. Nessa invazao do milagre, poderas enfim, beber no calice da redencao.

Ha um tempo pra tudo no mundo. Deixa pra la entao as azeduras do ontem.

Ana Frantz


Tuesday, 29 June 2010

A letra dela

Thinking 'Bout You
Yusuf Islam
Composição: Yusuf Islam

When I hold your hand,
I could fly a zillion miles with you.
When I see your grace,
I can see you're God's words come true.
Every little bird above the haze,
And fish beneath the waves,
Knows about you...
Wouldn't they do.

When I see your eyes,
I can see rainbows in the sky.
Being with you,
All who parted reunite.
Every little pearl drop in the clouds,
And stones beneath the ground,
Are waiting for you...
Wouldn't they do.

Whatever you say
Lightens up the burden of the day.
Whatever you do
Makes us ever want to follow you.

Whatever they say,
Whatever they do,
I'll always love you.

Every burning comet that zooms,
And angels too,
Think about you...
Wouldn't they do.

Thinkin' bout you,
I could climb a mountain in the dark.
Listenin' to you,
Flowers dance in the park.

Whatever they say,
Whatever they do,
We'll always love you.

The words that you say,
Lightens up the burdens of the day.
Whatever you do,
Makes us want to follow you.

Whatever they say,
Whatever they do,
I'll always love you.

One gift, one love.Thank you my friend...

A Flor


Ressucitei minha flor na varanda lhe despejando toda a agua nescessaria para matar sua sede. Quando ela em pranto, quase morria. Eu tenho a sede que nao passa. E o pranto sereno, que ninguem escuta. Jogo minhas perdas para o alto, na esperanca de que elas virem estrelas. Pequenas coisas brilhantes num ceu que eu nao posso tocar.
Salvei minha flor da morte, lhe podando os galhos secos. Meu coracao padeceu pela falta de ar; falta do carinho. Os galhos secos que so nasciam em mim, nao consegui podar, e sua secura foi fazendo virar deserto, o que antes era so mar.
Salvo quem eu amo com o brilho certo que a alma grita, troco a frequencia dos ruidos permanentes, me perco em mim. Escuto coisas novas, alguem me dita um atalho, eu sei que ha uma caverna em mim, um lado escuro que ainda nao conheci. Essa crianca chorona batendo em minha porta. O que ela quer eu nao posso dar.

O tempo nao volta. Coisas morrem.

Quando levanto a cabeca e o vento passa alizando meus olhos, entendo que em certas horas so podemos enxergar de olhos fechados. Tapo as frestas da incerteza, e me certifico do que tenho. Os tesouros guardados e uma historia demorada para contar.
Renasco quando acredito em coisas impossiveis, quando olho e nao acho o horizonte que me delimita onde o mundo acaba. Renasco toda vez que adormeco em mim e encontro uma ponte que me leva para mais perto das estrelas, flutuante no universo que me da asas e a fe nescessaria para voar. O vento balbucia pequenas oracoes para que a flor unica e essencial nao morra nunca. E o amor a vida que nos torna vivos. Deixo pra la. Minha mil e uma lista dos desejos impossiveis. Me agarro no que e meu, a flor azul na varanda ressucitando em flor.
Corto em mil pedacos os galhos secos em mim, porque eu tambem quero florir.
Ana Frantz

Me deixe aqui



Acho graca quando me acalmas. Quando me chaqualhas e as vezes sem querer me derruba com toda a tua forca ao chao. Com toda a tua forca. Era sempre assim, esse vai e vem. Ficava tao confusa que ja nao sabia mais identificar em meu soluco o riso ou o choro. Eram assim os dias.

Acho estranho olhar para o que restou ou se agigantou em mim e nao te ver mais la. As vezes nem reconheco a gargalhada que nasce sozinha no escuro da noite e minhas palavras que nascem tao soltas quando nao lembram de ti.

Vez que outra reapareces. E tua assombracao, quase sempre sem esperar, bagunca os porta-retratos da minha casa e enche de poeira o chao. Rabisca qualquer coisa cinza e me declama uma historia triste.

Nao, nao quero lembrar.

Teu nome quando vem, vem cheio de magoa. Me doi recordar. Ficas mais bonito preso no silencio que te petrifica como uma estatua de concreto, pelas ruas em mim. Eu fico em paz assim.

Por favor entenda; que quando vens, me fazes recordar que tenho um coracao quebrado, me faz querer bem mais do passado; mais aconchego e menos abandono. Me faz reviver cada desespero, cada lagrima, cada chaga e todo o tempo que eu desperdicei. Desperdicei por ti. Por favor entenda, que nao te quero perto, porque ja me causastes muito mal e enfraquecestes meu Imperio. Entenda que a dor de quem foi um dia abandonada nunca passa, a vida que na mao do outro foi desperdicada; a vida, a vida que e sempre tao rara.

Recolho minhas perolas, me encolho em minha concha e deixo esse barulho passar.

E eu que recito as proclamas da justica, hoje tenho as maos atadas. Nao, nem todos os lados sao iguais e nao ha nada que eu possa fazer, que te faca sentir o que eu senti. E preciso coragem para doer assim; ah eu doi. Te deixo seguir teus afazeres sem as dores de dentro. Quero que tu vas e sigas livre em tuas conquistas, nao te amedrontes, nao ha mais nada que possas fazer, que ja nao tenhas feito, tu me matastes por dentro.

Va entao, e me deixe quieta, selvagem em meu canto. No zunido que fala das historias do passado, vem uma frase ou outra que me diz, que eu merecia muito mais. Muito mais amor do que tinhas para me dar.

Agora va, e me deixe! Eu preciso esquecer que um dia eu morri. Longe de ti eu sei sorrir. Agora va e me deixe, esquece que fui tua e que um dia eu te quis. Agora va e me deixe aqui. Seremos sempre mais felizes assim.

Ana Frantz

Camaleoa




Tenho a alma branca e na mao qualquer encanto. Tem um arco iris em mim, que me persegue. Reflito varias cores. Sou assim camaleoa. AF

Thursday, 24 June 2010

Universo

Nem sempre e facil reconhecer quem nos olha no espelho. E quase sempre uma coisa nova,uma linguagem que ainda nao deciframos, um sorriso que nao sabemos de onde vem.

As vezes e o olhar triste e profundo que nos provoca inquietacoes. Mas o certo e que mudamos, e nessa materia fina e perecivel de que somos feitos, as vezes nos perdemos em nos mesmos. Doce labirinto de quereres e nao quereres. E das duvidas infinitas. Mas e sempre bom se perder assim. Desde que seja em si. Porque e grande esse universo intimo. E nessas viagens mirabolantes que inventamos pelo interior de nos mesmos, podemos a cada dia descobrir luas novas e outros aneis de saturno. Ha sempre uma estrela nascendo.

E nessas parafernalias que contruimos entre torres, igrejas e parques de diversoes, vamos sem querer tracando rumos e construindo estradas. Nem sempre percebemos que e brincando que realizamos sonhos. Quando o sonho nasce pronto, eternizado num retrato, distraidos esquecemos que um dia sonhamos. E saimos correndo em busca do que ainda nao temos, deixando cair dos bolsos algum encanto ou outro que acabamos de colher.

E assim ser humano, gigante e pequeno. Esse vai e vem, de uma mare que nao pode ser fixa, colada em uma estrutura macissa. A mare exige o movimento, e recuando e avancando que se faz inteira. Entao vamos por ai, desbravando os mundos infintos em nos. Mudando de ideia, desistindo de um plano ou outro, quebrando promessas ou reconstruindo ruinas. O importante e seguir as proprias cadencias sem ouvir o ruido do outro. E sempre em nos que baila a danca certa e a musica que deveriamos escutar.

Ao olhar pra tras, precisamos da coragem de quem tatua pontos finas. Memorias sao apenas lindos poemas que um dia decodificamos pelas maos das horas. Tudo passa, minutos sao apenas pequenas particulas da essencia que brota em nos flores novas pela primavera dos nossos destinos. O sonho do amanha e sempre doce, e e mais leve viver assim, reconhecendo cada personagem que habita em nos sem a amargura das coisas que ainda nao sao.

Ana Frantz

Tuesday, 22 June 2010

Mulher


E tem dias que a mulher em mim foge.

E la se vai ao chao qualquer estrutura pre-montada, qualquer esconderijo que tenha cavocado com as unhas.

Em dias assim a crianca que mora em mim vem brincar, as vezes nas bolinhas de sabao que ela solta pelas calcadas vem uma melodia que nunca havia escutado antes , noutras e uma cor que nao via ha tempos. Gosto dessa crianca serelepe, que e quase sempre mais feliz do que a mulher. Mas essa crianca vem cheia de manha tambem e fica toda sensivel se alguem lhe puxa o cabelo ou sem querer pisa em seu pe. Chora sem vergonha nenhuma, essa minha menina, que ao atravessar os tuneis da grande cidade fica as vezes toda perdida, querendo apenas encontrar um rosto conhecido.

A vulnerabilidade tem seu encanto. E deveriamos ter tempo para chorar mais. Mas na correria de segunda a sexta, e o salto que tranca num buraco da calcada atrazando tudo, e a maquiagem que nao pode borrar.

A mulher que vez que outra foge de tudo, me deixa nas maos essa crianca me pedindo carinho, cafune e aconchego. E eu fico tentando explicar que nao ha tempo. Me da do, da minha menina. Que merecia ter mais. Um pouco mais de sorte e cuidado. E tempo para fazer manha. Sempre foi manhosa a minha menina.

Enquanto faz sol la fora e as ruas se enchem de pessoas comendo sanduiches nas escadas dos predios, eu fico aqui dentro na sombra dessas ebulicoes em mim. Claro que penso em querer ouvir uma voz ou outra que possa trazer aconchego, mas nao pego o telefone, porque de vez enquando tudo o que essa crianca precisa e de silencio. E assim, so assim ela entende, que vez que outra nao ha tempo para manha, e logo a dona da casa volta, para tomar conta de tudo, forte e certeira como sempre uma mulher deve ser.

Ana Frantz

Monday, 21 June 2010


Liberdade

Quero nascer em ti as nuancias inexistentes. Quero que nasca em mim, mundo novo. Sempre uma nova mulher. Quero desfazer essas sombras que me perseguem quando faz muito sol, ha de haver uma fonte onde eu possar limpar essa mancha que deixastes quando partiu.

Ja e tarde e ainda estou aqui. Ajoelhada em frente as coisas que nao entendo, diante a minha solidao que nao quer ser de mais ninguem. Gostaria de encontrar alguem que conseguisse me provar que nada e em vao e que ate mesmo a pior morte pode trazer algo de bom. Ja e tarde, e eu que ando sempre atrasada, acabo de perder a hora, a hora de ir embora, e de dizer nao a tudo o que me machuca.

Quero a liberdade que nao me proibe de ser livre. Imensamente livre e so. So, das coisas desse mundo que apertam e deliram. Eu quero mais que liberdade, quero a coragem de andar nua pelo mundo, quero ser a cara para qual o medo olha e foge com medo da ousadia que em mim vive e vence qualquer fraqueza.

Quero ser livre para nao fingir, nem jogar jogos dos quais eu nunca tive a chance de ler as regras. Quero ser livre nesse mundo. Livre de mim, livre das coisas que criei pra mim, de tudo o que eu quis e do mundo que eu construi cuidadosamente com as maos do trabalho. Quero ser livre, solta como um balao no ceu, sem paradeiro, sem porto, sem rumo, sem nada para chamar de meu. Flutuando no mundo.

Possuir e o que nos derrota e enfraquece. E eu, eu nao quero ter nada. So a liberdade me salva.

Ana Frantz

Friday, 18 June 2010

Ele vem


Ele vem assim, abrindo portas, deixando a brisa entrar. 
vvvvvvvvvvvvvvvvPincela no meu rosto um sorriso e rabisca brilhos em meu olhar. Ele senta em minha sala e declara coisas secretas. Vem assim de mansinho me deixando sentir sempre mais mulher.

A alma das coisas belas baila docemente seus segredos em mim. O sonho e tudo o que ele alcanca. Na estante os livros com seu nome contam aquela historia. Mas nem sempre e triste o adeus. E ate a lagrima tem sua poesia. Mas e que insistimos quase sempre em cutucar o que nos assusta. O medo instiga. Proclama a coragem em quem luta.

Mas ele vem assim, suave, quase sempre expandindo espacos em mim. Os espacos de quem sabe encontrar as portas no escuro. Mas ja nao desmantelo mais as pecas tao bem montadas pelos dias de solidao. Minha estrutura se refaz e ja sei dizer nao. A vida e sempre bonita assim, quando aceitamos que ela muda, quase sempre muda; mundos em nos.

Gosto quando ele vem assim, manso tateando as estrelas cadentes em meus olhos. Esses olhos travessos e sedentos. Mas ha tanta sede de vida, que ja me contento com outros vinhos e outros aromas. Tambem e bom o sentimento que da ao reescrever uma outra historia. 

Mas e que era sempre bom me ver refletida naqueles olhos que me viram crescer, atravez do tempo e da dor. Se tivesses a coragem de te tornar tao vulneravel quanto a vida, tu contarias tua propria historia, assim sem mais mascaras, ao palco da vida? O que revelarias? Me digas, se entre enredos e entre-linhas, te revelarias assim? Completa e nua ao que encanta e assusta. Nao ha esconderijos para tudo o que a alma grita.

Enlaco meus afetos na caixinha apertada do meu coracao. Ja sao tantos os pedacos que vao aos poucos formando minha feicao. Assim serena, noutras ansiosa e aflita. Sigo sempre em carne viva.

Olho meu espaco ao redor, e os lirios brancos que me trazem a calma e o aroma, me lembram que nao existe vitoria sem luta. No final de todas as linhas tortas que escrevi tudo faz sentido. Tudo sempre fez sentido.

Entao agora te reinventa. Levanta da cadeira e grita teu pensamento solto no ar das estrelas. Nessa noite que linda chora, na chuva que molha as arvores verdes do verao.

E que o jeito que ele tem, me embala e me encanta. E sempre facil amar assim, nas esquinas do tempo. E sempre bom amar assim, nas rugas do que passou. O estranho que chega nao conhecemos e nao nos adaptamos ainda com seu cheiro. Nem sempre e facil abrir as portas que foram fechadas com tanto esforco. Trancadas com tantas chaves para que os monstros que habitam o outro lado jamais escapassem novamente para nos perseguir.

Tenho a preguica e o encantamento. O silencio as vezes vem cheio da melodia mais pura. Guardo meus amores carregados de lembrancas e gargalhadas. Se ao menos nao amasse a vida assim, com tanto deslumbramento, talvez fosse capaz de ser concreta no que digo.

O que proclamo sao palavras soltas, livres ao vento que lhe dao asas. Asas sao sonhos. Distancias sao encontros. E sempre bom se encontrar assim. Na imaginacao do que o outro pensa ou sente. 

Nada e tao colorido, quando vira espaco definido. Ah o sonho, ele e sempre o mais bonito.

Deliro por entre as ruelas que anseio pisar, nos castelos onde anseio morar, pelas praias onde quero andar. Sei que podes tocar a melodia ou ouvir o som de uma lagrima caindo. E dessa intensidade que eu falo. Sobre as coisas que nao entendes mas sentes profundamente em ti. Tambem e bom amar assim, flutuando sem ser tocada, para jamais ser presa no grampo do adeus

Quero ser o que nao acaba e sem limites alcanca a loucura do improvavel.Quero ser digna de milagres e salvacao. Quero enfim, descrever a pintura que vejo e sinto e toco. O instante que agora ja passou. Paralisar o que deveria ser eterno, mas nao e. Nunca e.
Ana Frantz

Move on


Deixe me ir


E chegou entao o dia;

vvvvvvvvvvvvvvvva chuva passou, as estrelas reapareceram entre as nuvens grossas feitas de poeiras e venenos. Repletas das nuancias do passado. Daquele livro velho empoeirado enfeitando a estante no canto da sala. O porta-retrato vazio, na ausencia da foto a presenca que se fazia ainda mais paupavel.

Entao um dia isso tudo passou; ou entao silenciosamente fingimos assim. A vida e mesmo um palco, e vez que outra e preciso insenar travessuras com a pobre alma, que acredita em tudo o que ve. Silenciosamente lhe contamos mentiras inocentes, e para o nosso proprio bem. E todo mundo quer a salvacao; nao e assim?

Mas tudo deixa marcas e a cicatriz e o eco da ferida, que nos empresta vez que outra um medo qualquer. E preciso saber escolher, entre o sim e o nao. Entre doar o que nao se tem, ou permanecer outra noite na escuridao. E preciso saber decifrar o apelido do risco, a chance que a vida sussura indignada ao pe do ouvido e distraidos nao a ouvimos. E preciso mudar, de vez enquando, uma coisa qualquer em si e no mundo que lhe rodeia.

A cor do carro ou do cabelo. O trajeto para o trabalho, descartar uma calca jeans ou um amigo que ja nao serve mais. E preciso jogar fora certas cartas de amor e algumas fotografias, sem pena. A vida exige ousadia. E so quem tem muita coragem e capaz de rasgar um poema de amor. Va! Seja audacioso e destrua aquelas coisas todas que eram tao preciosas. Quando nao lhe restar mais nada, nenhum resquicio, o passado sera so uma pagina em branco, que te impulsionara a escrever novas historias.

Hoje me recolho em uma pagina toda nova, branca, avida e corajosa. Quero o que o futuro canta! O futuro, esse que me encanta a conquistar as coisas novas. Me despesso dessa velha vida, ja usada e saboreada ate a ultima gota. E preciso mudar as vezes, o rumo e o sentido de tudo. Meu Santo Graal ja tem outro nome, e minha bussula agora gira tentando encontrar meu caminho de volta pra casa.

O que o ser humano quer e escolha. E isso que nos dignifica assim; humanos. Sento na minha cadeira azul, e penso em milhoes de novos caminhos que poderia seguir. O que eu preciso e ter escolha. O que eu preciso e nao ficar aqui. Parada sem me fazer sentido.

Quero os ventos do sul, agitando minhas asas aos ares novos. Quero me soltar dessas amarras tao bem sedimentadas em meus pes cansados. Quero a incerteza do inusitado pincelando mundos novos na aquarela que trago no bolso. Nao era sempre assim, a incerteza do amanha fazendo cocegas na gente? Deixe me ir, preciso andar.

Ana Frantz

Arco-iris



Sempre acreditei que o arco-iris e uma invencao dos anjos, feito para nos fazer sorrir, cada vez que aparecem no ceu. Nao tem erro.
AF

Para que se perder?

E a era sempre facil se perder. Nao e assim? Se perder de mim, de ti, e de quem fomos um dia. Era sempre facil perder a hora, o trem, a forca de vontade. Perder-se de si. Perder o rumo.
Era sempre mais facil fazer as coisas perderem o sentido. Mas para que? Quando e bem melhor viver se achando e recriando sentido para tudo, criando outros nomes para dar as coisas, para os objetos que tocamos com as maos asperas da poeira da estrada.

Quando fico muito so, a ponto de entender o silencio, faco com que as coisas percam o sentido de proposito. E uma birra minha. E quase uma vinganca com a vida, que desnaturada me deixou so, nem que seja so por um instante. Mas quando a vida me presenteia com a palavra, visto minha saia de cetim e saio rodopiando pelos confins do planeta. Gosto mesmo e dos risos largos e das palavras sinceras, que sempre tocam mais, nas notas musicais dos meus instrumentos mirabolantes.
E bom viver assim, olho no olho da alma. Gargalhada com a gargalhada, a sede com a sede, a vontade com a mesma vontade. Gosto de tudo assim. Sempre assim.
E sei que a amizade e o tipo de amor, que um anjo muito bom inventou e nos deu de presente. E sempre mais humano amar assim, sem as curvas assassinas do amor em carne viva, que nos dilacera, sempre, em uma curva ou outra da estrada. Prefiro esse amor intenso que nao me tira pedacos, nem belisca minha pele, so me enche de luz, e me deixa voar. Obrigada melhor amigo. E haja muito amor para dar, ao doce amigo, ao eterno grande amigo. Que haja sempre mais coragem, para transformarmos o que chamamos amizade em um sentimento eterno, uma historia de amor sem nenhum final. Ah como eu adoro a virgula, a exclamacao, a reticencia que te deixa solta entre as linhas so imaginando o que seria se a palavra tivesse estado ali, nua e viva. O ponto de interrogacao me fascina ele e sempre tao honesto e inocente, e pede algo de nos. Pontos finais sao uma chatice.
Quando estou em volta das coisas eternas, e quando me sinto faceira; inteira. Tres dias a sos com o que me faz bem, no meio do mato, no Pais de Gales, me deu uma roupagem toda nova, e arco-iris nos seguiram no caminho de volta, so vieram para nos dizer, que e assim mesmo, estamos perfeitamente abencoados pelo amor dos anjos. E nossa estrada segue, coberta por moedas de ouro, visiveis apenas para os sensiveis de coracao.
Para que se perder, quando e sempre bem melhor se achar assim, refletida na alma do outro?
Ana Frantz

Friday, 11 June 2010

My rainbow





And today I will take the road, spend my time with my earthly angel, the one who makes me smile like a flower, sing like a bird and jump with joy,joy, joy...

Is there any ever lasting love, that lasts as bright as a true friendship?

Friends are forever, lovers... we only wish they were.

So we are taking the road to North East Wales and we are spending two nights in a caravan, close to nature, close to real love, and genuine wings. He is always my rainbow after the storm!

AF






So me diz baixinho assim,



fffffffffffffffffffffff se minha ausencia doi tambem assim, em ti...

Deus

Deus me criou em seus maiores detalhes para qualquer funcao que so Ele sabe e guarda pra si. Ha de ter me criado para a constante metamorfose da alma, do corpo e dos cortes de cabelo. Me fez para ser atriz, representando inumeras personagens nesse meu palco da vida. E logo eu que nao sei insenar direito. Nao me fez para a linha reta sem curvas, me criou para andar nas montanhas russas.

Nao o culpo. Me viro melhor assim. Fui mesmo feita de fogos. Gosto dos mergulhos, de quem nao tem medo do escuro. Sou feita do ar, da Lua em Libra. Sou feita da agua, ascendendo em Escorpiao, sou o fogo em Sagitario. O que nao tenho e terra, nem pes no chao. Mas isso e porque Deus insitiu em me dar asas, e nao ha ceu sem passaro.

Ele me fez assim, meio torta para um lado, cambaleante do outro. Me fez imperfeita e me deu a coragem para usar de escudo. Pincelou uma estrada e disse que cabia a mim colori-la com flores, pedras, borboletas e anjos. E por ela eu vou, desenhando meus contornos. As vezes, sem querer, tropeco nas pedras que esqueci ter desenhado em meus momentos de atropelos. Noutras e a borboleta que pousa em meu naris e realiza um sonho bobo meu, mas o que gosto mesmo e de sentar a sos com meu anjo para lhe contar meus segredos, os meus loucos devaneios. Ele sempre acha graca e sua gargalhada sempre me lembra uma crianca deslumbrada.

Deus me criou assim, desenhou um abismo em mim e nele plantou o amor do mundo e todas suas dores. Construiu uma ponte e a ela deu o nome de saudade. Hoje atravesso essa ponte, e do lado esquerdo para o direito sigo sentindo a alma das coisas em mim. Deus me deu uma chave, e a ela ele chamou de felicidade. Disse que com essa chave poderia abrir qualquer porta, desde que meu coracao desejasse.

Sigo com essa chave na mao, o meu coracao que bate como um louco tamborzinho, vai me pedindo para abrir tudo o que ve pela frente, e ainda crianca mimada, esse meu coracao. Vez que outra eu nao entendo. Nao sei mais, se meu menino coracao vai crescer um dia. E por ai eu sigo, com a chave na mao, perdida com meu coracao. Minha alma de joelhos canta uma oracao, para que meu coracao aprenda a desejar e que assim eu possa encontrar na porta aberta o que foi destinado para ser meu e ter enfim a felicidade que um dia Deus me deu.


Ana Frantz


Coisas tuas



Quando qualquer coisa tua se aproxima,


bbbbbbbbbbbbbbbbmeu mundo escuresse.


Sinto essa brisa fria, sussurando teu nome aos ventos. Nao gosto do jeito em que teu nome soa ao vento. Os ventos que sao coisas minhas, nao deveriam trazer resquicios teus. Os ventos, estes sao meus e foram feitos para o voo. Mas quando qualquer coisa tua se aproxima, nao ha voo, apenas um mergulho denso e fatal em todas as coisas que vao murchando a rosa em flor.

E eu quero ser jardim, rosa e bromelia. Quero ser o passaro, a borboleta e o beija-flor. Nao quero ser tua. Qualquer coisa tua, coisa qualquer que relembre o ardor. Qualquer pensamento que me prenda nas teias do ontem. E essa brisa vem sussurando teu nome so para me ver chatear.

Toda vez que teu nome danca pelas veias do ar, minha alma briga com meu anjo e os ceus se tornam amargos. Nao gosto de ouvir teu nome, em nenhum lugar ou coisa alguma. Quero que te cales, que te tornes invisivel aos meus olhos em flor. Quero que permanecas como uma estatua muda no mundo. Tu que ja me causastes tanta dor.

Meu coracao que asfixiado em tuas maos se dilacerou. Nao quero que te aproximes de mim. Tu que me enfraqueces e maltrata. Tu que roubastes algo vital em mim, uma estrutura qualquer que agora me impede de ficar firme sem que cambaleie. Tu que me tirastes tanto brilho. Va! Siga agora para qualquer pagina de um outro livro qualquer. Va, porque em minha historia, nao ha mais enredo para ti.

Ana Frantz

Thursday, 10 June 2010

Me permita so mais um devaneo...

gg

hh

jj

Cancao


Era leve assim, as plumas ao vento.

O ter sem saber

Sabe la o que vem na aquarela que nem pintamos ainda

No canvas do amanha


Deixa-me ser o vento

Que baila solto, sem chao

Se ha de haver certo contra-tempo

Ah, me deixa ser o vento

Que varre a folha do chao


Era leve a cancao

Se um dia foi o desencanto

O abandono que se fez perdicao

Hoje e a terra que molhada germina

Irradiando uma nova estacao


Deixa assim,

O cheiro do silencio que alivia qualquer rancor

Esse som que nao mais ecoa vem anunciando a calma

A paz vem mansinha como a flor

Fazendo brotar jardins cheirosos em mim.

Adeus, envelhecido amor.

Ana Frantz

***


Oración para antes de partir:

Que nos amarre siempre

La intuición para reírnos en el próximo encuentro

Y las ganas de inventar la vida

Porque no nos la entregaron hecha

Que no nos fatiguemos nunca

De establecer la diferencia

Entre partir y abandonar;

Partir es un abrazo a la vida,

Abandonar es un abrazo a la muerte.

Que no olvidemos bajo ninguna circunstancia

Que el mandamiento pide amar al prójimo como a

Sí mismo, pero no más que a sí mismo.

Amén.

De Adelaida Nieto.

**

E era sempre melhor
assim. O coracao fechado como a concha em flor, perdido num mar tao azul quanto o sonho. Era sempre mais leve assim, o passaro com suas asas abertas ao que o sonho alcanca. Sem ninho.

Era uma historia...



AF

Wednesday, 9 June 2010

*
















Vamos rodopiar no caos, com a inocencia de uma crianca que nao tem medo do fogo, mas com a malicia da mulher que ja se queimou um dia. AF


Vinte e um


Aos 21 anos de idade quis sair de casa. Bati pe. Insisti com meus pais que precisava sair de casa. Morar fora, morar longe, em outro pais talvez. Queria adquirir experiencia, sofrimento quem sabe, alguma coisa concreta e ao mesmo tempo perecivel, que me garantiria o direito de contar historias.

Minha mae muito seria, me olhou rente a alma e com a profundidade da qual foi feita me disse com a voz quase amarga; -Sofrimento nao serve pra nada, nao ensina ninguem, o que faz e deixar cicatrizes e magoas.
E eu em minha petulante meninice, achei que ela estava era falando bobagem e que por certo nao sabia o que dizia. Eu queria tudo que o mundo pudesse me dar ate o sofrimento e a pior cicatriz que pudesse deixar. Queria engolir o mundo. Meu sonho sempre foi contar historias, e eu queria vive-las.
Aos 21 anos de idade me soltei pelo mundo, carregando na bagagem um sonho infantil e um coracao maior do que eu poderia carregar. Tive o prazer de experimentar muitas coisas das quais eu apenas imaginava que existiam. Tive o desencanto de experimentar a dor, de formas que nao pensei que pudessem ser possiveis. Tive a sorte, de ter sobrevivido a todos os perigos em que me meti, e o extase de ter realizado um sonho.
Hoje quando olho pra tras, dou risada sozinha. Quase tudo o que vive, de um jeito ou de outro, manifestei. Ate a dose extrema da solidao mais concreta em que minha alma pisou.
As vezes esquecemos que o sonho vem com o pacote inteiro. Sem a dor nas pernas e impossivel chegar ao extase de estar no topo da montanha. E o extase, nao e sempre mais intenso, assim? Em meio a respiracao ofegante e aquele sentimento que por vezes nos disse para desistir. Mas tambem e sempre importante saber onde parar. A alma sempre sabe, quando e manha ou nescessidade.
Hoje paro e sento em frente a esse mosaico construido entre afetos, erros, sucessos, perdas e ganhos. Rebusco nas entrelinhas dessa historia comprida, dialogos que pudessem justificar os enredos e a materia da qual me tornei. E tudo faz sentido, tudo sempre fez sentido! E nao poderia ter sido diferente, a pedra que me fez cair, a mao que me ajudou a levantar, os afetos que se expandiram dentro de mim sem controle algum, o constante convivio com a saudade do mundo infantil que deixei pra tras. Ter que enfrentar essa floresta encantada e cheia de perigos que e o mundo, sem o colo de pai e mae. Foi escolha.
Vez que outra ainda sento e choro. Talvez nao merecesse perder tanto, conviver com tanta escassez de afeto, amanhecer com o peito esmagado de uma saudade que nao vira poesia. E dor. A dor pelo tempo nao vivido ao lado da familia, nosso unico bem permanente.

Hoje tambem entendo o que minha mae dizia sobre o sofrimento, melhor mesmo e nao sofrermos nunca. Bom mesmo e permanecermos sensiveis e vulneraveis ate o fim do caminho. Mas a vida fortifica quem escolheu suas trilhas mais ousadas e nas noites muito escuras, vez que outra alguma coisa por dentro se petrifica. Vez que outra sinto saudades daquela menina, que quis voar tao cedo, mas sei que ela ainda esta dentro de mim, e sai para dancar de vez em quando, quando as noites nao estao tao escuras.

Ana Frantz

Tuesday, 8 June 2010


Count your Blessings!

Monday, 7 June 2010

Suspiros

Deixa assim. Esse olhar sem fim, nem comeco, nem nada. Essa voz que fala, mas na verdade cala. Deixa assim, um dia isso tudo passa. Esse silencio, esse eco, ecoando gargalhadas. As gargalhadas de estranhos pelas esquinas. Nao a tua. Nunca a tua. Deixa assim, esse recomeco sem nada de novo. Essa vontade de ir embora. Fica. Aguenta so mais um pouco, la na frente, o que vem e o sonho. E para o sonho sempre ha de valer o suor ou a lagrima timida.

Mas algo em mim se cansa. Alguma coisa empresta tanta neblina aos dias. Tanta neblina. A exaustao em gladiar sempre consigo mesma na ansia de superar a dor. Em fingir que nao se sente o silencio ardendo por dentro enquanto caminho sozinha pelas ruas, pelos bares, pelos restaurantes. Pela vida assim, driblando os mosquitos invisiveis me sussurando ao pe do ouvido que nao era pra ser assim desse jeito, que a vida impera o magico e o sublime, porque nao ha nenhuma alegria em ser triste.

Espero mesmo e um chamado, qualquer explosao que me tire desse marasmo. Quero mudar a casa, a cortina, a rua, a cidade e o pais. Essa vontade nao passa e o desejo de ter tudo novo e so mais uma agonia. Onde habita o segredo do recomecar? E colocar um pe depois do outro e depois o outro. Arrisca! Alguem la de cima grita. Arrisco, arrisco sim, mas arriscar o que? Se coloco as maos no bolso e de la nao tiro nada, e so um bolso vazio.

Entao prossigo, entre silencio e poesia, vou pincelando meus dias e a estrutura fragil e perecivel de que sou feita. Aceito meus tombos, nao nego que erro, que proclamo o que nao pode ser repetido e que sofro profundamente, quase sempre sem motivo. Mas as pedras que trancam meu caminho, so impedem meu andar, e nao o andar de quem me assiste tropecando de novo.

Engulo meu suspiro, tranco meu choro, minha respiracao e meu desejo, e com doses rasas de oxigenio eu sigo esperando um acontecimento. Sei que um dia qualquer vou acordar com o pulmao cheio de ar. Espero com a paciencia desordenada e sempre vulneravel que um suspiro novo me traga de volta a mim.

Ana Frantz

Thursday, 3 June 2010

Quando chove



Chove por toda a parte. E essa chuva que vem trazendo a melancolia, tambem pode estar cheia da paz. Do sossego em aprender a lidar com teus proprios fantasmas, quando chove pela casa de dentro. Nem todos os dias podem ser de sois intensos, se nao a terra seca e vira deserto. A chuva que vem, traz o alimento essencial para o cultivo de sementes novas. Porque e so na quietude de dias assim que descobrimos os ritmos que ansiamos dancar, nas tardes quentes de sol, que ainda virao.
Guardo meu encanto numa caixinha colorida. Nao o quero perder, mesmo se choro, mesmo quando a chuva vira tempestade. Ha um nao sei o que de beleza nos trovoes que aborrecidos gritam nao.
A vida me chama para suas curvas e labirintos intensos. Tenho medo mas sigo seu chamado mesmo assim. Fecho portas com o coracao chorando e implorando nao, mas a alma quer se expandir, e essa bailarina, e a rainha dos nossos destinos e diz sim a tudo aquilo que encanta e machuca. O coracao esse lindo tamborzinho e apenas uma crianca deslumbrada com tudo. Se lhe dessem a chance abracaria tudo o que ve pela frente sem mais querer largar. Mas e preciso prosseguir na vida, virar paginas, escrever novos capitulos, porque e para isso que nos foi dado a esperanca. A esperanca de acreditar nesse misterio do amanha.
Rebusco todas as flores mortas no jardim, sob a terra que nao as nutri mais. Relembro seus aromas, sua beleza e aceito minhas perdas com a coragem de quem abre as maos para o que o inesperado espreita. O coracao, crianca cabecuda, se agarra na primeira arvore que ve pelo jardim e dela nao solta. Mas como toda a crianca, quando deixamos de dar bola ela vem correndo, com medo que a deixemos para sempre pra tras.
Sei que esse tamborzinho que bate apressado, nessa ansia cega, e tambem medroso e assutado. Cuido dele com o carinho de mae e lhe prometo proteger desses trovoes que as vezes assustam ate a mim. Mas junto seguimos desvendando labirintos e pulando sob abismos. A vida exige coragem.

Ana Frantz

Livros que me acompanham em 2009

  • Notes from my travels- Angelina Jolie
  • THE SHAMANIC WAY OF THE HEART - Chamalu- Luis Espinoza
  • Shooting Butterflies - Marika Cobbold
  • The Global Deal - Climate change and the creation of a new era of progress and prosperity- Nicholas Stern
  • The Penelopiad- Margaret Atwood
  • Discover Atlantis - Diana Cooper
  • Tne Gift - How the creative spirit transform the World - Lewis Hyde
  • My East End: A history of Cockney London- Gilda O'Neil
  • Delta of Venus- Anais Ninn
  • The Little Prince- Antoine de Saint Exupéry *** Apr
  • Doidas e Santas- Martha Medeiros (March)
  • The English Patient by Michael Ondaatje
  • Gilead by Marilynne Robinson - Feb
  • Healing With the Faries by Doreen Virtue (Feb)
  • Montanha Russa- Martha Medeiros (Feb)
  • O codigo da Inteligencia - Augusto Curry - Feb
  • O Ensaio sobre a cegueira - Jose Saramago ( Jan Lendo)

Livros que andaram comigo em 2008

  • Meditacao a primeira e ultima Liberdade by OSHO ( Dec)
  • The English Patient by Michael Ondaatje (Dec Lendo)
  • Harry Potter and the Philosopher's Stone - J.K Rowling (Oct Lendo)
  • The PowerBook - Janette Wintersone (Oct- )
  • A vida que ninguem ve- Eliane Brum (Sep - Lendo)
  • The Birthday Party - Panos Karnezis - (Sep )
  • Ensaio sobre a Lucidez -Jose Saramago (Lendo...)JUN
  • Nearer The Moon -Anais Ninn (Lendo..) JUN
  • Superando o carcere da emocao - Augusto Cury(lendo...) JUN
  • Perdas e Ganhos- Lya Luft Jun(Releitura) Jun
  • A Mulher que escreveu a Biblia - Moacyr Scliar(May) ****
  • The Secret By Rhonda Byrne (May)
  • Time Bites -Doriss Lessing March (lendo...)
  • Life of Pi - Yann Martel (March to May )
  • The Kite Runner -Khaled Hossein /March ****
  • Back when we were geown ups / ANNE TYLER (larguei na metade)
  • O Sonho mais doce - DORIS LESSING /Feb ****
  • The Crimson Petal and the White- MICHAEL FABER / Dec-Jan / ***

Livros que me acompanharam em 2007

  • Burning Bright - TRACY CAVILER
  • Fear of flying - ERICA JOUNG (larguei na 50th pagina)
  • I'll take you there - JOYCE CAROL OATES ***
  • Memorias de minhas putas trsites GABRIEL GARCIA MARQUEZ ***
  • The Siege - HELEN DUNMORE ***
  • A girl with a pearl earing - TRACY CHAVILER ***
  • A year in Province PETER MYLES ( larguei na metade)
  • The mark of the angel- NANCY HUSTON-
  • A bruxa de portobelo - PAULO COELHO -
  • Under the Tuscany Sun - FRANCES MAYA -
  • Sophie's World - JOSTEIN GAARDER *
  • The umberable lightness of being - KUNDERA- **
  • As aventuras da menina ma MARIO VARGAS LOSA - ****

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